No
início de cada semestre, seleciono textos reflexivos para as primeiras
aulas e foi num momento de longa espera no aeroporto de Maringá(PR) em janeiro passado (2012) que
encontrei, folheando uma revista, este lindo texto de Rubem Alves. Imediamente guardei-o como nós, professores, sempre fazemos ao encontrar
um material para ser utilizado em nossas aulas e foi o que fiz.
Aqui,
um fragmento para inspirar nossos leitores. Meus alunos e alunas também
desenharam, falaram, soltaram suas impressões sobre o tema em diversos
contextos e salas de aula - Ensino Médio, Cursos Superiores, etc.
Ressalto que este meu sentido de posse ao dizer "meus alunos e alunas" é porque sinto saudades dos momentos convividos com pessoas que tanto ressignificam a minha profissão, dai o pedido de desculpas se eu for mal interpretada. Professora Antonise
FRAGMENTO DO TEXTO ORIGINAL:
O pequeno barco de velas brancas - RUBEM ALVES http://www2.uol.com.br/aprendiz/n_colunas/r_alves/id180703.htm
Nasci nas Minas Gerais. Minas não tem mar. Minas
tem montanhas, matas e tem céu. É aí que me sinto
em casa. Uma babalorixá, sem que eu perguntasse, me revelou que
meu orixá era Oxossi, o guarda das matas. Acreditei. E, por causa
disso, quase fiz uma loucura. Estava no aeroporto, vi uma loja de arte,
entrei para ver, e o que vi me fascinou: uma coleção de
máscaras de orixás, assombrosas, fascinantes.
Entre elas, a máscara do meu orixá, Oxossi.
Perguntei o preço. Muito cara. Mas eu estava em transe, enfeitiçado.
Puxei o talão de cheques. "Vou levar", eu disse para
a vendedora. "O seu cartão de embarque, por favor", ela
disse. Mostrei. "Mas o seu vôo é doméstico. E
essa loja só vende artigos para vôos internacionais."
Saí triste, sem o meu Oxossi.
Minas não tem mar. Lá, quem quiser navegar
tem de aprender que o mar de Minas é em outro lugar. "O mar
de Minas não é no mar./ O mar de Minas é no céu,/
pro mundo olhar pra cima e navegar/ sem nunca ter um porto onde chegar."
Acho que é por isso que em Minas nasce tanto poeta. Poeta é
quem navega nos céus.
Comecei a navegar no mar de Minas quando era menino. Me
deitava no capim e ficava vendo as nuvens e os urubus. Pensava poesia
sem saber que era poesia. A Adélia diz que poesia é quando
a gente olha para uma pedra e vê outra coisa. Como no famoso poema
do Drummond, "No meio do caminho havia uma pedra..." Estou certo
de que essa pedra que ele via era outra coisa cujo nome ele não
podia dizer. [...]
TEXTOS REFLEXIVOS PRODUZIDOS PELOS ALUNOS E ALUNAS:
1.Diego Brito - TH 12
É sempre possível deixar o barco
atracado ou só navegar nas baías mansas. Ai não há perigo de naufrágio. Mas não
há o prazer do calafrio e do desconhecido, pois nossa vida é feita de
escolhas, e muitas vezes ao ter que fazer escolha, a primeira coisa que
vem a cabeça é não ter que ficar longe de casa, da família, dos amigos e também
o medo de não conseguir, ou melhor, fracassar. Mas como o mar é perigo e naufrágio
para quem tem medo de navegá-lo; é a aventura, para quem o navega.
Assim também é a vida perigosa para quem tem medo de enfrentá-la, mas para quem
a enfrenta é a maior aventura e um grande passo.
2. Camila Gomes - VE 07
Sinto-me assim, um pequeno barco
de velas brancas que não sabe ao certo aonde vai, só quer chegar a um lugar
determinado. Pensando bem, somos um barquinho que para navegar, precisa da
força dos ventos, assim como nós precisamos colocar fé e otimismo em tudo que
iremos fazer, um barco feito com muito amor e que, ás vezes, teimoso, entra em
furadas, mas nada que não se possa resolver, nem tudo são flores.
Na vida, passamos por muitas
aprovações, aprovações boas, aprovações ruins, não importa, o que importa mesmo
é saber passar pelas dificuldades com a cabeça erguida, sem fraquejar, sem
desistir, assim como o barquinho pode passar por tempestade sem naufragar. Passada
a dificuldade, é gratificante vê-las acabar por causa da nossa determinação e
paciência e não porque alguém resolveu para nós, a gente pode e deve ser o
marinheiro da nossa embarcação.
Nós que escolhemos deixar o barco
atracado ou navegar mar à dentro, que no caso, esse mar é a vida, que sempre
quer mais de nós, que existe calmaria, ondas e até tsunamis, cabe a cada um, saber
levá-lo com segurança, sem deixá-lo ir a fundo para que na hora de jogar a
ancora, olhar pra trás e dizer: Graças a Deus, no final deu tudo certo!
Devemos tomar conta do nosso barquinho antes
que seja tarde demais.
3. Fernanda dos Santos Nogueira - VE 07
A vida é cheia de sonhos e vontades, sabendo que nada
conseguimos com facilidade e sempre encontramos obstáculos assim como esse
menino que tinha um desejo enorme de conhecer o mar. Mas como em Minas Gerais
não tinha mar, Rubem Alves começou a observar que o mar de Minas Gerais era de
outra forma, através da imaginação como olhar para o céu a navegar.
Navegando sempre, vendo coisas e transformando em outras,
tendo como mestre de navegação os urubus que se deixam ser levados pelo vento.
Mas quando se mudou para o Rio de janeiro conheceu realmente o que era o mar e
ficava a ver os barcos de velas brancas levados pelo vento e viu que apesar do
mar encantar ele também esconde grandes perigos.
Assim como na vida,
somos um pequeno barco de velas brancas a navegar e que deixam ser levados pelo
vento, mesmo com os grandes perigos a encontrar, que nem sempre o mar é
calmaria, às vezes tem tempestades e ainda continuamos a navegar pelo puro
prazer de entrar na mar. Persistindo em algo que não conhecemos, mas buscando
forças.
4. Arlete Ribeiro do Nascimento - VE 07
A vida é o retrato da complexidade. No qual somos designados como
um pequeno barco à vela perdido a navegar na imensidão do mar, em busca de um
simples porto para ancorar. Mar com suas imensas ondas de problemas, e tentando
o pequeno barco a afundar, e ele que abre suas velas, para da tempestade se
afastar, mas apesar de todo o caus, segue em busca de um mar sereno e repleto
de soluções a procura da normalidade da vida.Retornar e apreciar a beleza da existência de ser livre ao navegar
e o mar de felicidade regressar.
5. PRODUÇÕES DO CURSO DE PEDAGOGIA - PARFOR - CURAÇÁ/BA:
6.
Débora Samira - VE 07
A vida se comparada a um
barco, nos dá duas opções: a de ficar atracado à margem, completamente inerte, ou
a de está em alto mar, mas é claro que estando suscetível a grandes perigos.
E a mágica da vida está
propriamente dita no movimento, nas oscilações, que nos embala a sair da
inércia, para adentrar as variações da vida, sendo que ao passo que nos
traz felicidades, prazeres entre outros, também nos trará momentos de perigos,
de angústias, de sofrimentos, apesar dessas marés baixas, não devemos
lançar ao mar nossa âncora e simplesmente parar.
Assim, e de forma firme, a
vida nos remete a tomar as nossas decisões diante dela e mediante os nossos
anseios e persistências e assim fazer com que os nossos objetivos se tornem a
bússola a nos guiar nesse mar, que é a Vida.