
Palavra enérgica e vibrante que apresenta textos de minha autoria e de autoria dos alunos, a partir de atividades desenvolvidas em sala de aula. As experiências de leitura e escrita são transformadas em conhecimento espontâneo. O caminho deste processo é o uso da linguagem com carga de emoção e significados. O blog passa a dar voz ao pensamento e a criatividade dos nossos educandos. Profª. Antonise Coelho de Aquino
quinta-feira, 5 de março de 2020
EM 2020, NOVAS POSTAGENS DO BLOG TEMPO DA PALAVRA - DIVERSOS GÊNEROS TEXTUAIS
Após alguns meses sem postagens no Blog Tempo da Palavra, devido ao término do ano letivo, voltamos a apresentar os textos dos alunos do IF SERTÃO os quais serão desenvolvidos em diversos gêneros textuais, bem como de autorias próprias, da professora Antonise e dos alunos. Assim, convidamos as pessoas que ainda não se cadastraram neste espaço a serem nossos seguidores.
SEGUE MINHA CRÔNICA:
O BELO É DIFÍCIL
Antonise Coelho de Aquino
Constato que há muito tempo, eu tenho esquecido de conceituar a beleza que reside em minha cidade, como também o que a vida me proporciona, principalmente o Belo dentro de mim.
“O belo é difícil!”
Lamentou, certa vez, o grande Sócrates que também não soube definir com
precisão o Belo. Por isso, relaciono essa dificuldade do pensador com os meus
próprios desafios em conceituar a beleza.
Da minha janela, todas as noites
contemplo as luzes das cidades de Petrolina e Juazeiro e posso ver também as
luzes que enfeitam a espera do Natal no River Shopping. Como cresceu a minha
cidade! Cheia de encantamentos e expectativas para seus moradores e visitantes,
delineando uma Petrolina bem diferente de há 20 anos.
Observo o quanto o
planejamento urbano da cidade ficou mais revitalizado e de uma beleza peculiar,
com avenidas e rotatórias (giradouros para alguns estados nordestinos e para
os que vivem em Portugal como Rotundas) as quais apresentam uma nova
dimensão, resultado do planejamento dos índices do crescimento populacional e econômico.
Esses espaços de circulação são também de valorização de obras de arte, como no
giradouro do Campus Universitário, próximo à Universidade de Pernambuco e
FACAPE com o monumento de São João do Apocalipse que representa, segundo os
historiadores locais, a relação de amizade entre nosso município e o de
Juazeiro-BA.
Buscando compreender o Belo da
vida moderna, volto meus pensamentos para aqueles seres humanos que vivem à
margem da sociedade, à procura por um sentido do viver. Essas pessoas são
violentadas, roubadas, discriminadas de suas dignidades. Pouco tem para
sobreviver como decorrência do trabalho esporádico, diário. Hoje tem, amanhã,
talvez não. Os que vivem nas ruas de nossa cidade e dela tiram o sustento, a
sobrevivência para aplacar a fome. Tenho uma grande dúvida: será que esses
seres humanos sentem o encanto da vida? Quando? Como isso pode ocorrer?
Talvez eu me surpreenda com as
respostas dessas indagações propícias de fim de ano. Vejo que aqueles que tudo
tem, não sabem o significado do belo, não ressignificam o cotidiano. Vivem
automaticamente suas vidas confortáveis, sem perceber o quanto cada detalhe do
dia é carregado por imperfeições. E nessas adversidades, encontro a verdadeira
beleza que reside no jovem morador de rua, quando o mesmo após ser violentado
por outro colega, prossegue em luta diária, cuidando de carros estacionados na
rua, distribuindo o mesmo sorriso de dias anteriores. Qual a profundidade
daqueles gestos e do sorriso amarelado?
Semanas depois, reencontro esse
jovem drogado, sujo, desnorteado pelas calçadas das ruas. O feio ressurge
amargamente. Causa-me uma angústia profunda. Que possibilidades de mudanças poderei
realizar naquele jovem e em mim? São muitos questionamentos e poucas atitudes
para um fato tão crônico e desesperador das grandes cidades.
Sem encontrar todas as
respostas, observo um lampejo no brilho do olhar juvenil e uma faísca de
esperança e fé em dias melhores, que dão novos sentidos àquela situação de marginalidade
e abandono.
Nesta luta desigual por viver e reviver,
descobrimos que poucos têm o bastante e, por vezes, são mais desprovidos de uma
beleza verdadeira. Sem levantar qualquer inferência às questões de classes
sociais, apenas constata-se um viver mesquinho ( para si mesmo, inclusive)
de pessoas que ainda não descobriram um propósito na existência e por isso
estão longe do Belo.
Enquanto isso, a maioria
sobrevive em combates diários, para ganhar o pão de cada dia, sem tempo para se
reconhecerem belos diante da vida. Dessa
dificuldade de encontrar o Belo, não podemos desanimar por insatisfações
pessoais, tão pequenas e insignificantes, tais como: trocar ou não de carro, viajar ou não para um
país estrangeiro, consumismo cada vez maior, entre outras coisas, porém
enxergar o quão infinita e esplêndida é o viver, com suas nuanças e desafios.
Dezembro/2019
segunda-feira, 2 de março de 2020
Textos autorais de Ana Isabel e Laíza Camilly
O FIM É IGUAL PARA TODOS.
Não estou encontrando respostas para as coisas que me ensinaram na
infância, já não tenho a certeza de quem busca sempre alcança. Não estou mais
acreditando nos sonhos persistentes, nem nos ditados de superação. Não estou vendo
resultados naqueles que lutam, nem derrotas nos que roubam.
Cansei de pagar para ouvir que sou capaz de superar dores
emocionais e ter que drogar minha própria mente para acreditar nisso. Cansei de
engolir palavras para não ferir, enquanto minha alma sangra por não poder
controlar o que falam para mim. Demorei a entender que a vida não é uma
historinha daquelas que tem um final feliz, nem fábulas encantadas com moral que
fazem a gente acreditar que ser bom é sempre o melhor caminho.
Não sou o filho dos sonhos, nem o amigo conselheiro, não espalho
beijos e abraços camaradas, nem lambuzo com palavras afetivas ao dizer o quanto
amo alguém. Ninguém sabe o barulho do vazio até estar nele. Ninguém sabe o
poder do medo até senti-lo...
Eu não tenho certeza nenhuma, a não ser a única que todos temos e é
bem nessa que todo mundo se torna a mesma coisa e fim!
Aluna: Ana Isabel Santos
Turma: 4115
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