A
PRESENÇA DA LEITURA E DA ESCRITA EM TEMPO DE ISOLAMENTO SOCIAL
Antonise Coelho de Aquino
A leitura entrou em minha vida
na infância e nunca mais foi embora e, por isso, nesses dias de quarentena
devido à pandemia do vírus Corona – doença Covid-19, busco a leitura e a
escrita para afastar os maus presságios. Tive o privilégio de receber a
influência de bons leitores: meus pais, avós maternos, professores e amigos, os
quais fizeram com que o ato de ler fosse parte intrínseca de todas as etapas de
minha vida.
Muitos anos depois, exercendo
o magistério, percebi o quanto era necessário incentivar o gosto dos alunos por
atividades de linguagem (ler e escrever) em sala de aula. Isto é o que fiz e
faço, até hoje no exercício docente.
Na última década, aos poucos,
fui me familiarizando com a tecnologia e criei com a ajuda de alunos e
ex-alunos o Blog Tempo da Palavra. Em 2019, foi feito o cadastro no Google,
transformando-o em Site/Blog. O curioso é que, os textos de atividades
planejadas e de textos autorais postados, ao longo dos anos, apresentam um
relevante aprendizado de escrita.
Concluí que existe um prazer
desfrutado por quem participou e participa deste Blog e, consequentemente, esse
escritor que deixou de ser apenas um leitor de romances, de livros policiais,
porém alguém assim como eu mesma, que sente a adrenalina provocada por esses
gêneros de ficção.
Não tenho preconceitos com
qualquer tipo de literatura. Relembro que durante os estudos no Colégio N.
Senhora Auxiliadora, em Petrolina-PE, eu ia buscar livros emprestados de Agatha
Christie (1890-1976) na casa da amiga Tânia. Também sentia-me fascinada
com a leitura dos clássicos da literatura universal e a brasileira ( às
vezes mal interpretados e considerados chatos pelos jovens).
Aproveito o ensejo para sugerir alguns autores
que fizeram parte da trajetória desta mulher sertaneja, dentre os quais:
Cervantes, Edgar Alan Poe, Sherlock Holmes, Jorge Luís Borges, Mário Quintana, Clarice
Lispector, Cecília Meireles, Ligia
Boyunga Nunes, Ligia Fagundes Telles, Raquel de Queiroz, José Américo de Lima (era
pernambucano e meu amigo particular, quanta saudade!) e tantos outros
autores, homens e mulheres que alcançaram êxito com as narrativas, poemas,
proporcionando-nos entretenimento, prazer, conhecimento crítico das coisas e
dos seres.
Há de se considerar que a
leitura/literatura não é um mero divertimento, mas é capaz de traçar aspectos
significativos da história da humanidade, além de questionar e apontar diversos
problemas sociais, políticos, históricos, econômicos e de saúde, como a
pandemia originada pelo Corona vírus, neste ano de 2020.
Ao ler o mundo, antes da
leitura de palavras, segundo nosso grande pensador Paulo Freire, nós estamos
modificando nossa própria maneira de ser e de agir com muito mais maturidade,
bem como carregados de esperanças que as leituras nos permitem sentir.
Finalizo esta escrita me
apropriando das palavras de Jorge Luís Borges, citado pelo simpático pensador
Roger Chartier ( 2007), o qual eu tive a alegria de conhecê-lo pessoalmente,
como também ajudá-lo a solucionar um contratempo no Campus da Universidade
Federal de Minas Gerais em 2010 e afirmou: “ O livro não é uma entidade
fechada: é um diálogo, uma relação; é um centro de inumeráveis relações”
estabelecidas entre o leitor e a obra, entre o leitor e mundo.
Se o ato de ler me proporciona
tantas reflexões, aprendizados, lembranças é porque esse ato não é, nem nunca
foi, um ato solitário e fechado, mas
está carregado de sentimentos, interações e possibilidades de contato com as
vidas de pessoas de diferentes regiões e épocas, mesmo em momentos tão difíceis,
como os quais estamos passando agora.
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